Urticária crónica
O que é a urticária crónica?
A urticária é um processo de inflamação da pele que se caracteriza pelo aparecimento de inchaço ou vermelhidão que pode ocorrer de forma súbita ou esporádica. Embora seja geralmente temporária, em alguns casos pode tornar-se uma doença crónica e de longa duração, com um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas que dela sofrem.
Urticária Crónica (UC) é uma perturbação dermatológica que se caracteriza pela manifestação súbita de inchaços avermelhados ou eritemas (inflamação e vermelhidão da pele) de tamanho variável, acompanhados de prurido. A urticária é causada pela libertação da histamina, uma substância produzida pelas células denominadas mastócitos.
Aproximadamente 40% dos afetados com urticária crónica também apresentam angioedema. Se a urticária se localizar na derme superficial em forma de inchaços avermelhados ou eritemas, o angioedema refere-se ao inchaço no tecido subcutâneo ou derme profunda, que também pode surgir nas mucosas, embora sem apresentar prurido.
A inflamação associada à urticária crónica dura mais de seis semanas e pode, por vezes, persistir durante meses ou mesmo anos, afetando de forma significativa a qualidade de vida dos doentes.
No que diz respeito à causa da urticária, é importante assinalar que nem sempre é possível determinar a causa. É o caso da urticária crónica espontânea, que se manifesta sem um desencadeador aparente. Em contrapartida, a urticária crónica induzida ocorre em resposta a fatores específicos como o calor, o frio, a pressão ou determinados alimentos.
Embora a urticária seja uma doença comum, a urticária crónica afeta uma pequena percentagem da população. Estima-se que entre 0,5% e 1% das pessoas sofram de urticária crónica em algum momento das suas vidas. A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente em adultos entre os 30 e os 60 anos e é mais prevalente nas mulheres.
Sintomas da urticária crónica?
Urticária e sintomas são dois conceitos intimamente relacionados, uma vez que estes últimos podem afetar significativamente a qualidade de vida dos doentes. Os principais sintomas da urticária crónica incluem:
- Pápulas ou inchaços: são protuberâncias elevadas, vermelhas e inchadas na pele que podem aparecer em qualquer parte do corpo. Costumam ser de tamanho variável e, por vezes, podem formar áreas maiores.
- Comichão intensa: as pápulas costumam ser acompanhadas por uma comichão ou ardor intenso e incómodo, que pode ser constante ou intermitente.
- Angioedema: trata-se de um inchaço profundo da pele ou das mucosas, geralmente em zonas como os lábios, as pálpebras ou a garganta. Pode ser dolorosa e, em casos graves, dificultar a respiração.
O desconforto causado por estes sintomas perturba por vezes o sono, provocando fadiga e cansaço durante o resto do dia. É importante destacar que os sintomas da urticária crónica podem variar em intensidade e frequência, com períodos de remissão e exacerbação.
Diferença entre urticária aguda y crónica
É importante compreender as diferenças entre urticária aguda e crónica. Analisamos as principais diferenças:
- Duração. A urticária aguda dura menos de seis semanas, enquanto a urticária crónica persiste para além deste período.
- A urticária aguda costuma ter uma causa identificável (como uma alergia). Por outro lado, a urticária crónica muitas vezes não tem uma causa clara.
- A urticária aguda geralmente responde bem aos anti-histamínicos. A urticária crónica pode exigir tratamentos mais complexos.
- A urticária crónica costuma ter um maior impacto na qualidade de vida devido à sua persistência.
Porque aparece a urticária
Esta patologia, que pode ocorrer tanto em crianças como em adultos, tem início através da libertação de produtos químicos que dão lugar a uma significativa reação contra determinadas substâncias ou acontecimentos que podem afetar o nosso organismo. Ainda que nem sempre se possa determinar o que provoca a urticária crónica, o mais frequente é que estas irritações tenham uma origem alérgica, ainda que não seja a única causa.
A seguir apresentamos as mais comuns:
- Alergias: podem aparecer em forma de surtos ao ingerir alguns alimentos ou medicamentos como antibióticos ou anti-inflamatórios, sobretudo se formos alérgicos a algum deles.
- Aumento da temperatura corporal: o exercício físico, a ingestão de alimentos picantes ou tomar banho de água quente pode favorecer o aparecimento deste tipo de reações.
- Por contacto: outra das causas mais comuns do aparecimento de urticárias encontra-se no contacto com substâncias propensas a produzir essas reações na pele.
- Exposição ao sol: a exposição aos raios UV pode causar inflamações nas peles mais sensíveis.
- Mudanças bruscas de temperatura: ao contrário do caso anterior, a exposição a temperaturas excessivamente baixas também favorece o aparecimento deste tipo de reações na nossa epiderme.
- Água: em certas ocasiões, o contacto com a água também pode ser uma causa de urticária, sobretudo se se encontrar a baixas temperaturas.
- Stress: quando estamos nervosos ou passamos por longos períodos de ansiedade ou stress, somos mais propensos a sofrer este tipo de reações.
- Infeções: existem diversas urticárias produzidas pelo contágio de vírus ou bactérias.
É importante referir que, em muitos casos, não é possível identificar um fator desencadeador específico, e a urticária crónica é classificada como idiopática ou de causa desconhecida.
Como se diagnostica a urticária crónica
O diagnóstico da rinite alérgica baseia-se principalmente nos sintomas apresentados pelo doente e na identificação dos alergénios específicos que desencadeiam a reação alérgica. Os métodos mais comuns para diagnosticar a rinite alérgica são:
O diagnóstico da urticária crónica baseia-se principalmente numa avaliação dos sintomas e da história clínica do doente. O médico realizará um exame físico detalhado e pode pedir exames adicionais para excluir outras doenças, além de pedir ao doente que registe os seus sintomas num diário de sintomas.
Alguns dos testes de diagnóstico que podem ser realizados são:
- Análises ao sangue. Podem detetar infeções, doenças autoimunes ou níveis elevados de imunoglobulina E (IgE), que podem estar relacionados com a urticária.
- Testes cutâneos. Os testes cutâneos ou de provocação identificam possíveis fatores desencadeadores da urticária, como alimentos, medicamentos ou fatores físicos.
- Biopsia da pele. Em casos pouco claros, pode ser realizada uma biopsia da pele para descartar outras doenças cutâneas.
- Teste de soro autólogo. Uma amostra de soro do próprio doente é injetada na pele para verificar se provoca uma reação.
- Teste de libertação de histamina. Avalia-se a libertação de histamina pelos basófilos (células do sistema imunitário) em resposta a estímulos específicos para detetar a autoimunidade na urticária crónica espontânea.
Como em alguns casos não é possível identificar uma causa específica, o diagnóstico baseia-se principalmente na história clínica e na exclusão de outras doenças.
Quanto tempo dura um surto de urticária crónica
A duração de um surto de urticária crónica pode variar consideravelmente de pessoa para pessoa. Enquanto alguns indivíduos podem ter surtos que duram apenas algumas horas ou dias, outros podem ter episódios que duram semanas ou meses.
Em geral, considera-se que um surto de urticária crónica dura de algumas horas a várias semanas. Contudo, a condição em si mesma é definida como crónica quando os sintomas persistem durante mais de seis semanas.
É importante destacar que a urticária crónica pode seguir um curso imprevisível, com períodos de remissão e exacerbação. Alguns doentes podem ter surtos recorrentes durante meses ou mesmo anos, enquanto outros podem ter períodos prolongados de alívio dos sintomas.
A duração de um surto de urticária crónica pode ser influenciada por uma série de fatores, incluindo a causa subjacente, a eficácia do tratamento e a capacidade do doente para evitar ou controlar os potenciais fatores desencadeadores.
Tratamentos da urticária crónica
Urticária e tratamento são termos interrelacionados, uma vez que atualmente não existe cura para a urticária crónica, o que se pretende é aliviar os sintomas, controlar os surtos e melhorar a qualidade de vida do doente. O tratamento desta doença é geralmente feito através de uma abordagem multidisciplinar que combina medidas não farmacológicas e farmacológicas.
Tratamentos não farmacológicos
Antes de recorrer a medicamentos, podem ser implementadas algumas medidas para ajudar a controlar os sintomas da urticária crónica. No entanto, também é importante considerá-las durante o tratamento farmacológico, uma vez que a combinação de ambas as abordagens ajudará a controlar a doença.
- Identificar e evitar os fatores desencadeadores. Se for possível identificar os fatores desencadeadores, como alimentos específicos, medicamentos ou estímulos físicos, é fundamental evitá-los tanto quanto possível.
- Gestão do stress. O stress é um fator agravante da urticária crónica, pelo que se recomenda contar com recursos para o controlar. As técnicas de relaxamento ou o exercício moderado são algumas opções.
- Cuidado da pele. Usar roupas folgadas, evitar irritantes cutâneos e manter a pele hidratada ajudam a aliviar a comichão.
Tratamentos farmacológicos
Quando as medidas não farmacológicas não são suficientes para controlar os sintomas, podem ser prescritos medicamentos para aliviar a urticária crónica.
Os tratamentos farmacológicos mais comuns incluem:
- Anti-histamínicos. São o tratamento de primeira linha para a urticária crónica. De acordo com as diretrizes europeias, atualizadas em 2012, os anti-histamínicos H1 de segunda geração, como a cetirizina, a loratadina ou a desloratadina, são os mais recomendados devido à sua eficácia e ao menor risco de efeitos secundários. Se após duas semanas os sintomas persistirem, aumenta-se a dose de anti-histamínico-H1. No caso de os sintomas persistirem, adiciona-se um antileucotrieno ou um novo anti-histamínico-H1. Em casos graves, podem ser combinados com anti-histamínicos de primeira geração.
- São utilizados durante períodos curtos de três a sete dias para controlar surtos graves ou quando os anti-histamínicos não são suficientes.
- Em casos graves e refratários, podem ser utilizados medicamentos imunossupressores, como a ciclosporina A ou o omalizumab, que atua contra a imunoglobulina E (IgE).
- Estes medicamentos, como o montelucaste, podem ser úteis em alguns casos de urticária crónica, especialmente quando existe uma participação dos leucotrienos na inflamação.
- Outros tratamentos. Dependendo da causa subjacente e da gravidade dos sintomas, podem ser considerados outros medicamentos, como anti-inflamatórios, antidepressivos, imunomoduladores ou terapias biológicas.
É importante destacar que o tratamento da urticária crónica deve ser individualizado e supervisionado por um médico especialista. A combinação e a dosagem adequada dos medicamentos dependerá da resposta do doente e da gravidade dos sintomas.
Conselhos para o cuidado da pele com urticária crónica
Além do tratamento farmacológico, existem algumas medidas que podem ser tomadas para cuidar da pele e aliviar os sintomas da urticária crónica:
- Evitar esfregar ou coçar as pápulas. Embora a comichão possa ser intensa, esfregar ou coçar as pápulas irá agravar a inflamação e provocar a libertação de mais histamina, intensificando os sintomas.
- Usar roupas folgadas e confortáveis. A roupa justa ou os tecidos ásperos podem irritar a pele e desencadear mais pápulas. É aconselhável escolher roupas largas e suaves, de preferência de algodão.
- Manter a pele hidratada. A utilização de loções ou cremes hidratantes sem perfume ajuda a acalmar a pele e a evitar a secura.
- Tomar banhos ou duches mornos. A água quente pode estimular a libertação de histamina e piorar as pápulas, por isso opte por água morna e não esfregue a pele com esponjas ou toalhas ásperas.
- Aplicar compressas frias. As compressas frias podem ajudar a aliviar a comichão e a inflamação das pápulas, mas o contacto prolongado com o gelo deve ser evitado, uma vez que pode agravar os sintomas em alguns casos.
- Evitar irritantes conhecidos. Certos produtos ou substâncias, como perfumes, sabonetes ou detergentes, são por vezes identificados como desencadeadores ou agravantes da urticária. É importante estar atento para os reconhecer e evitar.
- Manter um estilo de vida saudável. Uma dieta equilibrada, exercício moderado e técnicas de gestão do stress ajudam a fortalecer o sistema imunitário e a reduzir a frequência e a gravidade dos surtos.
Lembre-se que a urticária crónica é uma doença incómoda mas tratável. Com o apoio de um médico especialista e a implementação de medidas adequadas, é possível controlar os seus sintomas e melhorar a sua qualidade de vida.
Quando consultar um médico especialista
Se os sintomas de urticária persistirem durante mais de seis semanas, é aconselhável consultar um médico para realizar um diagnóstico e prescrever o tratamento mais adequado.
No caso de complicações mais graves, como dificuldade em respirar ou inchaço grave da garganta, língua, boca ou lábios, é necessário procurar assistência médica imediata, pois pode tratar-se de anafilaxia.