Em que consiste a alergia à proteína LTP?
As alergias alimentares estão a tornar-se cada vez mais comuns na nossa sociedade e é muito comum ouvir um conhecido dizer que tem alergia a algum tipo de alimento, principalmente quando falamos de frutas e verduras. A alergia à LTP (Lipid Transfer Protein) é uma alergia muito específica a esta proteína, que se encontra na maioria das plantas, folhas, frutos, flores ou sementes, especialmente nos países mediterrâneos. Hoje dizemos-lhe em que consiste e como pode detetá-la.
Mas o que são as proteínas LTP?
As LTP são proteínas defensivas presentes nas plantas do reino vegetal (plantas, frutas, verduras, etc.). A sua função principal é proteger estes vegetais do stress como as bactérias, o frio ou a salinidade. Estas proteínas são altamente resistentes ao calor ou à digestão do nosso corpo, por isso é comum que ocorram reações com alimentos cozinhados ou processados. Estas proteínas encontram-se principalmente nas camadas externas dos alimentos, embora também possam aparecer na polpa ou nas sementes. Os que mais reações alérgicas provocam são os seguintes:
- Frutas como o pêssego, a maçã, o damasco, a cereja, o limão, a laranja, a banana, o kiwi, a framboesa ou a romã.
- Hortaliças (couve-flor, brócolos, repolho, espargo, alface, tomate, cenoura ou aipo).
- Cereais como o milho e o trigo.
- Frutos secos (amêndoa, avelã, castanha, sementes de girassol ou nozes).
- Legumes (lentilhas, feijão-verde, ervilhas, soja, etc.).
- Sementes como a mostarda.
Que tipos de reações a alergia à LTP provoca?
Os sintomas de alergia são muito variados e constatou-se que há pessoas tolerantes aos alimentos a que estão muito sensibilizados e outras que com pouca sensibilização e a presença de algum cofator já apresentam sintomas graves. As manifestações mais comuns geralmente aparecem após a primeira ingestão e são as seguintes:
- Orofaringe: comichão e irritação da boca e do trato da faringe, às vezes pode ser acompanhada de edema ou inchaço dos lábios e laringe, Síndrome da Alergia Oral (SAO).
- Intestinal: náuseas, vómitos, dor no abdómen e diarreia.
- Cutânea: ao entrar em contacto com o alimento pode surgir urticária na zona, o que costuma ocorrer aparecer em doentes com grande sensibilidade à LTP.
- Sistema respiratório: rinite, conjuntivite ou asma.
- Em casos graves, também pode provocar anafilaxia.
Cofatores da reação à LTP
Os cofatores são agentes que, quando combinados com a ingestão de um alimento com LTP, aumentam a vulnerabilidade de sofrer uma crise alérgica. Aumentam também consideravelmente o risco de sofrer um choque anafilático. Os cofatores mais comuns são:
- O exercício físico.
- Os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) como o ibuprofeno ou o metamizol.
- As infeções ou a febre.
Também existem outros cofatores que podem influenciar após a ingestão de alimentos com LTP: a falta de sono, o stress, o álcool, a menstruação ou, por exemplo, as drogas como a marijuana ou o haxixe. Ao conhecer estes cofatores, o docente afetado por uma sensibilização à LTP deve tentar, na medida do possível, não combinar os cofatores com a ingestão destes alimentos, pelo menos, num período de duas a quatro horas.
Como é diagnosticada uma alergia à LTP?
Quando existem certas suspeitas de sofrer alergia ou sensibilização a certos alimentos, o mais sensato e aconselhável é ir a um alergologista para realizar os testes pertinentes que vão determinar se a pessoa sofre ou não de alergia à proteína LTP. Além de analisar o histórico médico do docente, o especialista realizará os testes cutâneos (prick test) e análises de sangue (lgE específica) comuns para outros tipos de alergias.
Neste sentido, existe um inconveniente, pois devido à grande reatividade cruzada que existe entre as LTP e o pólen, podem ocorrer falsos positivos. Portanto em muitos casos será necessário realizar um teste específico de exposição controlada com o alimento num hospital ou centro especializado.
Existe um tratamento eficaz para a alergia à LTP?
O principal método para evitar as reações alérgicas causadas pela sensibilização à LTP será realizar uma dieta de exclusão, ou seja, evitar a ingestão de alimentos que provocam os sintomas. A dieta de exclusão não irá excluir todos os alimentos de origem vegetal, será o especialista a determinar através de um diagnóstico exaustivo que produtos devem ser eliminados. Por outro lado, para muitos docentes com diagnóstico desta síndrome também existe a opção de um tratamento com imunoterapia contra Pru p 3 (a proteína específica da LTP do pêssego).
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