Diagnóstico de alergias: testes e exames médicos
As alergias podem afetar a nossa vida quotidiana de muitas formas e um diagnóstico preciso é fundamental para as gerir corretamente. Existem vários testes e exames médicos que ajudam a identificar os alergénios que provocam uma reação no nosso organismo, permitindo-nos estabelecer um tratamento eficaz e adaptado a cada pessoa. Hoje dizemos-lhe como funcionam estes métodos de diagnóstico e a importância de um acompanhamento profissional para conseguir uma melhor qualidade de vida. Vamos lá!
Como são diagnosticadas as alergias? O papel do alergologista
As alergias para poderem ser tratadas corretamente devem ser devidamente diagnosticadas. A verdade é que a única forma de as detetar é provocando-as de uma forma ou de outra, quer através da pele, quer através da ingestão, e é aqui que entra a figura do alergologista, pois é ele que deve realizar estes testes de forma controlada e segura. Como especialista, é responsável por identificar as substâncias que desencadeiam reações adversas no organismo dos doentes, de modo a diagnosticar as alergias e a tratá-las da melhor forma possível. Para isso, realiza habitualmente um exame físico e consulta o historial clínico do doente, para além de realizar diferentes testes:
Testes cutâneos: diagnóstico rápido e eficaz
O teste intradérmico ou prick é um dos testes mais rápidos e eficazes que costumam ser realizados. Neste teste, a pele do doente é exposta ao alergénio ou alergénios suspeitos, de modo a observar se ocorre alguma reação adversa aos mesmos. O teste cutâneo é utilizado principalmente para diagnosticar:
- Alergias alimentares.
- Asma alérgica.
- Rinite alérgica.
- Alergia à penicilina.
- Alergia às picadas de insetos.
- Alergia ao látex.
O procedimento é muito simples: desinfeta-se a zona onde vai ser feita a picada, para depois colocar várias gotas de diferentes alergénios bem separadas. De seguida, faz-se uma pequena picada sobre cada gota para permitir que a substância penetre superficialmente na pele. Aguarda-se aproximadamente 15 minutos, durante os quais a pele pode ou não reagir a cada alergénio: se a zona ficar vermelha e inchada, o teste é considerado positivo; caso contrário, negativo.
A sua maior vantagem é o facto de ser seguro e muito pouco invasivo, exigindo apenas algumas pequenas picadas e os resultados são muito rápidos. Permite também identificar vários tipos de alergia ao mesmo tempo. Por outro lado, há que ter em conta que tem as suas limitações, já que por vezes pode produzir falsos positivos e falsos negativos, tornando necessária a realização de outros exames complementares. De igual modo, é normalmente indicado para pacientes com mais de cinco anos.
Análises ao sangue: indicadas para certos tipos de alergias
Outro teste muito comum para as alergias é uma análise ao sangue. Trata-se de medir a imunoglobulina E (IgE), um anticorpo produzido pelo organismo em resposta a agentes patogénicos que considera uma ameaça, pelo que, se tiver uma alergia, é muito provável que a quantidade no seu sangue seja superior ao normal. As substâncias que, embora inofensivas, podem provocar a secreção destes anticorpos, desencadeando uma reação alérgica, são:
- Ácaros.
- Pólen.
- Caspa de animais.
- Alguns medicamentos, do tipo da penicilina.
- Alguns alimentos, como os frutos secos ou o marisco.
Este tipo de teste pode ser realizado de duas formas diferentes:
- Para medir o número de anticorpos produzidos perante um determinado alergénio, por exemplo, após a ingestão do mesmo.
- Para medir o total de anticorpos IgE no sangue.
Tal como o teste cutâneo, a análise ao sangue é um dos testes mais fiáveis disponíveis e pode detetar uma vasta gama de alergias, é simples de realizar, seguro e rápido. No entanto, também pode dar falsos positivos ou negativos e precisa de ser verificado com outro teste de um tipo diferente.
Testes específicos para alergias alimentares
Para detetar as alergias alimentares, é muito provável que o alergologista ou o especialista lhe peça para realizar mais do que um teste, para comparar os resultados e fornecer-lhe um diagnóstico mais preciso. Para isso, podem ser realizados os seguintes testes:
- Prick test: como já foi referido, consiste em picar a pele com uma pequena quantidade do alergénio.
- Análise ao sangue: para analisar a quantidade de IgE presente no sangue após a ingestão do alimento que pode estar a causar a alergia.
- Dieta de eliminação: eliminar da dieta os alimentos suspeitos de causar a alergia; estes são depois gradualmente reintroduzidos na alimentação sob supervisão médica para confirmar ou excluir a alergia.
- Provocação oral: neste caso, o alimento suspeito é ingerido de forma controlada num ambiente médico para confirmar ou excluir com segurança a alergia.
- Uso de adesivos: como o nome sugere, são colocados na pele adesivos com extratos de alimentos para detetar reações alérgicas retardadas, observando-se a resposta cutânea após vários dias.
Testes para alergias respiratórias e a animais
Como são detetadas e diagnosticadas as alergias respiratórias e a animais? Tal como acontece com as alergias alimentares, existem atualmente diferentes tipos de testes:
- Testes de função pulmonar: através da espirometria, que mede a capacidade pulmonar e avalia a obstrução das vias respiratórias, neste caso, quando expostas a determinados alergénios. Deve ser supervisionado por um profissional.
- Análise da mucosidade nasal: examina a mucosidade das vias nasais para identificar células inflamatórias, como os eosinófilos, que estão frequentemente presentes nas reações alérgicas. Através deste teste, é possível determinar se os sintomas nasais são causados por uma alergia ou por outra doença, como uma infeção.
- Exposição ao alergénio: por último, este teste envolve a exposição do doente ao alergénio suspeito num ambiente médico controlado para observar qualquer reação alérgica. A exposição pode ser direta (por contacto, inalação ou ingestão, consoante o tipo de alergénio) e é feita em doses muito pequenas, que são gradualmente aumentadas se não houver reação imediata. Pelas suas características, é geralmente realizada no caso de alergia a bolores, ácaros, caspa ou saliva de animais.
Importância do acompanhamento e tratamento personalizado
O acompanhamento adequado e um tratamento personalizado são fundamentais para gerir de forma eficaz qualquer condição alérgica. Cada pessoa é única e, por isso, a interpretação dos resultados e o planeamento de um tratamento personalizado são essenciais.
- Interpretação dos resultados: os resultados dos testes ajudam-nos a identificar os alergénios que causam reações. A sua compreensão permite que o tratamento se centre nas verdadeiras causas e não apenas nos sintomas.
- Plano de tratamento: com esta informação, é criado um plano personalizado para cada doente, que pode incluir ajustes no estilo de vida, modificações na dieta e recomendações ambientais específicas para reduzir a exposição aos alergénios.
- Medicamentos: em muitos casos, a utilização de medicamentos (anti-histamínicos, inaladores, entre outros) pode aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. A escolha e a dosagem destes medicamentos são determinadas pelas necessidades de cada indivíduo.
- Imunoterapia: para algumas alergias, a imunoterapia é uma opção que pode ajudar a reduzir a sensibilidade ao alergénio a longo prazo. Este tratamento consiste em administrar doses controladas do alergénio, ajudando o organismo a desenvolver tolerância.
- Medidas preventivas: por último, incluem-se recomendações práticas para evitar o contacto com os alergénios na vida diária, como a adaptação do ambiente em casa ou no local de trabalho.
Esta abordagem integral e personalizada permite não só aliviar os sintomas, mas também reduzir as reações alérgicas no futuro, promovendo um maior bem-estar e qualidade de vida. Lembre-se: se suspeita que tem uma alergia, consulte o seu médico especialista para tirar as dúvidas.
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