
Asma alérgica, ligação entre asma e alergias
A asma alérgica ou asma induzida por alergias, é uma doença respiratória que afeta muitas pessoas em todo o mundo, desde crianças a adultos mais velhos, impactando significativamente na sua qualidade de vida. Compreender esta doença é essencial para quem sofre dela e suas famílias.
O que é a asma alérgica?
Em primeiro lugar, o que é a asma? A asma é uma doença crónica que afeta as vias respiratórias, especialmente os brônquios. Caracteriza-se pela inflamação persistente das paredes brônquicas e pela contração dos músculos que as rodeiam, o que estreita a passagem do ar para os pulmões, dificultando a respiração. Os desencadeadores mais comuns são o fumo do tabaco, os odores fortes como os dos produtos de limpeza, o exercício físico e, claro, as substâncias alergénicas.
Por outro lado, a asma alérgica é um tipo de asma causada ou agravada pela exposição a alergénios e é uma condição muito comum entre as pessoas asmáticas. Este tipo de asma surge com maior frequência entre os quatro anos de idade e a adolescência, embora possa persistir durante toda a idade adulta.
Asma alérgica é um tipo de asma causada ou agravada pela exposição a alergénios.
A asma alérgica é uma resposta imunitária a alergénios específicos. O sistema respiratório reage a substâncias aparentemente inofensivas, desencadeando uma série de respostas que podem comprometer a respiração normal.
Este tipo de asma por alergia merece atenção especial, já que o seu tratamento adequado pode fazer uma diferença substancial no bem-estar de quem vive com esta doença.
Causas da asma alérgica
O sistema imunitário reage de forma exagerada à presença de substâncias geralmente inofensivas, conhecidas como alergénios. Os alergénios mais comuns que podem causar asma alérgica são:
- Ácaros do pó doméstico
- Pólen
- Pelo de animais domésticos
- Bolor e fungos
Além disso, existem outros desencadeadores, como baratas e vários insetos, certos alimentos e aditivos alimentares, e vários produtos químicos industriais presentes em ambientes de trabalho específicos.
É importante referir que a asma alérgica tem uma componente genética e hereditária significativa. A probabilidade de uma criança desenvolver asma se um dos progenitores for asmático oscila entre 25 e 50%, e é maior se for a mãe a sofrer de asma. Se ambos os pais forem asmáticos, a probabilidade aumenta para 75%.
Sintomas mais comuns
Os sintomas da asma alérgica são semelhantes aos de outros tipos de asma, independentemente da causa. No entanto, no caso da asma alérgica, estes sintomas podem aparecer após a exposição a alergénios específicos.
Sibilos ao respirar
Os sibilos ao respirar, também conhecido como sibilâncias, são um dos sintomas mais característicos. Estes sons ocorrem quando o ar passa com dificuldade através das vias respiratórias inflamadas e, por isso, estreitas. As sibilâncias podem ser audíveis sem necessidade de instrumentos médicos e costumam intensificar-se durante as exalações.
Tosse
A tosse persistente é outro sintoma comum, especialmente durante as primeira horas da manhã ou durante a noite, e é por isso que é conhecida como asma noturna.
Esta tosse pode ser seca ou produtiva e, por vezes, é o único sintoma de asma, o que pode dificultar o seu diagnóstico. A tosse noturna recorrente deve ser considerada suspeita de asma, principalmente em crianças.
Pressão no peito
A sensação de opressão no peito é descrita como uma pressão ou repuxamento que dificulta a respiração normal. Este sintoma pode variar de intensidade, desde um ligeiro desconforto até uma sensação angustiante de não conseguir respirar adequadamente.
A opressão no peito pode aparecer ou agravar-se durante o exercício físico, a exposição ao ar frio ou após a inalação de alergénios.
Dificuldade respiratória
A dificuldade respiratória ou dispneia manifesta-se como uma sensação de falta de ar ou de respiração difícil. Em casos graves, pode causar ansiedade e limitar significativamente as atividades diárias. A dispneia asmática costuma agravar-se geralmente com o esforço físico e durante as crises.
Para além destes sintomas respiratórios, as pessoas com asma alérgica podem apresentar sintomas típicos de outras alergias, como rinite (congestão nasal, espirros, secreção nasal), conjuntivite (olhos vermelhos, chorosos e com comichão) ou dermatite (erupções cutâneas).
Em situações de crise ou ataques de asma, os sintomas intensificam-se consideravelmente, podendo provocar uma obstrução grave do fluxo aéreo, exigindo cuidados médicos urgentes. Reconhecer os sinais de alerta é essencial para agir com rapidez e evitar complicações graves.
Conselhos de prevenção
- Prevenir as crises de asma alérgica implica principalmente evitar as alergias, isto é, tentar não se expor aos alergénios desencadeadores. As estratégias preventivas variam consoante o tipo de alergénio envolvido:– Ácaros do pó: recomenda-se o uso de capas antiácaros para colchões e almofadas, lavar a roupa de cama semanalmente em água quente, manter a humidade abaixo dos 50%, remover tapetes e carpetes e reduzir a aglomeração de objetos que acumulem pó.– Pólen: é útil manter-se informado sobre os níveis de pólen, manter as janelas fechadas durante as horas de maior concentração, utilizar ar condicionado com filtros, tomar banho e trocar de roupa quando chega a casa e evitar atividades ao ar livre em dias com elevada polinização.– Epitélios de animais: o ideal é evitar ter animais de companhia com pelo ou penas. Se tal não for possível, convém manter o animal fora do quarto, dar-lhe banho regularmente, utilizar purificadores de ar com filtros HEPA e limpar frequentemente as superfícies onde os alergénios se acumulam.
- Além de evitar alergénios específicos, a nível geral pode ajudar a prevenir crises asmáticas: manter um ambiente livre de fumo de tabaco, e evitar poluentes ambientais e irritantes respiratórios.
- Prevenir infeções respiratórias através da vacinação antigripal anual.
- Controlar adequadamente outras condições alérgicas como a rinite.
Tratamentos
Antes de iniciar qualquer tratamento para a asma alérgica, é imprescindível consultar um médico especialista ou alergologista para obter um diagnóstico preciso.
O diagnóstico baseia-se no historial clínico detalhado, testes de função pulmonar, como espirometria, testes cutâneos para identificar alergénios específicos e, por vezes, análises ao sangue para determinar anticorpos IgE específicos.
Uma vez estabelecido o diagnóstico, o tratamento farmacológico é um pilar fundamental. Os medicamentos para a asma classificam-se nas seguintes categorias:
Medicamentos de controlo ou manutenção
São utilizados diariamente para reduzir a inflamação brônquica e prevenir sintomas. Os corticoides inalados representam a primeira linha de tratamento devido à sua eficácia anti-inflamatória, mas existem outros medicamentos de controlo, como os broncodilatadores de ação prolongada.
Medicamentos de resgate ou alívio
São utilizados para tratar rapidamente os sintomas quando estes aparecem. Os broncodilatadores de ação rápida relaxam os músculos brônquicos e aliviam a obstrução de forma imediata. Devem ser utilizados apenas quando necessário, pois o uso frequente indica um controlo desadequado da asma.
Imunoterapia com alergénios
Vulgarmente conhecidas como “vacinas para a alergia”, são uma opção terapêutica específica para a asma alérgica. Consiste na administração gradual de doses crescentes do alergénio responsável, com o objetivo de modificar a resposta imunitária e reduzir a sensibilidade alérgica. Este tratamento, que pode durar entre 3 a 5 anos, tem mostrado eficácia para reduzir os sintomas, diminuir a necessidade de medicação e prevenir o desenvolvimento de asma em pessoas com rinite alérgica.
A combinação de controlo da exposição a alergénios, tratamento farmacológico otimizado e, em casos selecionados, imunoterapia específica, permite que a maioria das pessoas com asma alérgica tenha uma vida normal com limitações mínimas. O acompanhamento médico regular e a educação do doente sobre a sua condição são elementos essenciais para alcançar um controlo ideal a longo prazo.
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