Alergia aos aines: a segunda causa de alergia a medicamentos
A alergia aos AINE, ou anti-inflamatórios não esteroides, é a segunda causa mais comum de alergia aos medicamentos. Este tipo de fármacos são muito habituais. Por este motivo, é importante conhecer os sintomas que podem aparecer, de que forma estas alergias podem ser diagnosticadas e as suas alternativas mais frequentes em doentes alérgicos.
Fármacos anti-inflamatórios não esteroides — o que são e como funcionam?
Os fármacos anti-inflamatórios não esteroides ou AINE são os que diminuem a dor e a inflamação atuando sobre a função das plaquetas. Estamos perante um grupo heterogéneo de medicamentos que fazem parte de vários grupos químicos com propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e antipiréticas.
O seu funcionamento baseia-se na redução da criação de prostaglandinas através de ácido araquidónico que bloqueia a ciclo-oxigenase-1 ou COX-1, um tipo de enzima que aumenta a formação de substâncias que provocam sintomas como a dor e a inflamação.
Neste sentido, os anti-inflamatórios podem classificar-se em função do grau de bloqueio que cada um deles possui:
- AINE bloqueadores fracos de COX-1: paracetamol ou meloxicam.
- AINE bloqueadores potentes de COX-1: ibuprofeno ou aspirina.
- AINE não bloqueadores de COX-1: parecoxib ou celecoxib.
Possíveis reações adversas dos medicamentos anti-inflamatórios
Tal como qualquer medicamento, os anti-inflamatórios podem desencadear e provocar alergias no organismo que se devem conhecer para saber como lhes fazer frente. É essencial considerar que podem aparecer em qualquer altura enquanto se estão a tomar, mas os riscos são maiores quanto mais prolongado for o tempo de administração. Os principais efeitos adversos que costumam provocar são:
Afeções de tipo respiratório
Ou doença respiratória exacerbada por AINE (EREA). Os sintomas desta reação são congestão nasal, espirros, tosse forte, espasmos brônquicos e falta de ar caracterizada por provocar apitos no peito. Note-se que estes efeitos aparecem sempre em pessoas que apresentam patologias respiratórias, tais como a asma. Os primeiros sintomas costumam ser tosse e congestão nasal, motivo pelo qual pode chegar a confundir-se com uma respiração comum.
Reações na pele
Por exemplo, na forma de urticária, angioedema ou inchaço. A ocorrência mais recorrente é na zona da cara, especialmente à volta dos olhos, nas pálpebras, lábios e mucosas.
Reações anafiláticas
Estas reações podem afetar o organismo por inteiro, podendo chegar a ser uma emergência médica grave. Os sintomas são manchas, pápulas, angioedema e anafilaxia. Além disso, tanto o angioedema como a urticária se apresentam de forma isolada ou conjuntamente, podendo ser mais predominante um que o outro. Nos doentes mais jovens, como em crianças, o angioedema só produz inchaço nas duas pálpebras, sem estar acompanhado por pápulas ou outros sintomas na pele.
Hipersensibilidade retardada
A hipersensibilidade retardada é, como o nome indica, de aparecimento tardio, geralmente passadas 24 horas. Os sintomas são eczemas, fotodermatite e/ou toxicodermias graves e nefrite.
Diagnóstico da alergia aos fármacos AINE
Como sempre que falamos de alergias, há diversos métodos e maneiras de as diagnosticar. Principalmente:
- História clínica do doente: isto é, se existe algum episódio alérgico prévio com dois ou mais AINE. Se houver antecedentes de reação a um único AINE enquanto outros são tolerados, o mais certo é que só haja alergia a um AINE específico.
- Testes laboratoriais: infelizmente, atualmente não há qualquer análise laboratorial que torne possível o diagnóstico a 100 % de uma reação a um AINE. Nalguns destes laboratórios podem-se encontrar os chamados teste de ativação de basófilos ou TAB.
- Testes cutâneos: são úteis quando a reação se manifesta de forma tópica através de urticária, angioedema ou anafilaxia, e usam-se em especial para testar alergias ao metamizol, enquanto para outros AINE os resultados são geralmente negativos. Por outro lado, os pensos são usados para diagnosticar hipersensibilidade retardada.
- Testes de provocação: usam-se quando não existem mais opções, ou para testar a tolerância a um AINE diferente do que já provocou uma alergia. Devem ser feitos num ambiente hospitalar controlado para não pôr em risco a saúde da pessoa afetada.
Medicação analgésica alternativa
Deve-se consultar sempre o médico ou profissional de saúde e informar sobre qualquer alergia a medicamentos que se tenha, para que o mesmo possa avaliar a melhor opção de tratamento para o doente.
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