Alergia à hena: uma cicatriz permanente
Certamente que já viu em mais de uma ocasião tatuagens de hena, correto? A verdade é que os desenhos realizados na pele com este material são muito populares desde há séculos. No entanto, para as pessoas que têm alergia à hena, especialmente a chamada hena negra, longe de ser uma tatuagem temporária bonita, podem tornar-se uma má memória sob a forma de uma cicatriz permanente.
O que é a hena e como é normalmente utilizada nas tatuagens e desenhos?
A hena é um produto de origem natural que é utilizado para diferentes fins e pode ser aplicado de várias formas. Mais concretamente, é uma tinta extraída do arbusto Lawsonia Inermis. Caracteriza-se pela sua cor castanha ou avermelhada e é muito utilizada em África, Médio Oriente, Irão, Paquistão e Índia, por exemplo. A sua utilização data desde a Idade do Bronze e continua a ser utilizada hoje em dia:
- Aplicar no cabelo em forma de tinta capilar, procurando dar cor, brilho e protegê-lo.
- Dar mais volume e corpo ao cabelo e proteger o couro cabeludo.
- Conservação de peles de animais e de tecidos diversos, como a lã, o algodão e a seda.
- Repelente de insetos.
- Fabrico de perfumes a partir das suas flores.
- Para fazer tatuagens temporárias.
É talvez este último caso, o da decoração da pele com desenhos, o mais comum de todos em todo o mundo. A sua popularidade deve-se ao facto de, uma vez aplicada, poder durar até 15 ou 20 dias, dependendo sempre do pH da pele e da sua espessura, entre outros fatores. A sua permanência deve-se ao facto de penetrar na pele, mas apenas na camada córnea, conseguindo uma coloração temporária de duração média.
Efeitos secundários: causas e fatores de risco
Não há dúvida de que as tatuagens temporárias de hena estão a tornar-se cada vez mais populares, especialmente em certos destinos turísticos ou durante o verão, como nas feiras e nas zonas de praia. No entanto, como consequência deste facto, começou também a ser misturada com determinados componentes para que a sua duração fosse mais longa e a sua cor mais escura e negra, criando a chamada hena negra, que é diferente da hena natural.
Algumas destas substâncias adicionadas ao pigmento natural são, por exemplo, cascas de noz, açúcar, beterraba ou parafenilenodiamina (PPD). Em especial, esta última substância de origem sintética pode desencadear episódios de alergia e dermatite de contacto devido a reações de hipersensibilização. O mais frequente é que esta não se manifeste imediatamente, mas sim passado algum tempo, provocando:
- Lesões eczematosas.
- Hiperpigmentação ou hipopigmentação.
- Cicatrizes de tipo hipertróficas.
- Dermatite.
- Comichão intensa.
- Edema.
- Vesículas.
- Supuração.
- Urticária, angioedema.
- Em casos graves, anafilaxia.
Como tratar uma reação alérgica a uma tatuagem de hena
Se tiver uma reação adversa à hena ou à hena negra, a primeira coisa a fazer é consultar um profissional de saúde, seja o seu médico ou o seu alergologista. O mais provável é que sejam realizados testes para determinar se tem alergia a algum dos seus componentes. Dependendo dos resultados, ser-lhe-á prescrito um tipo de tratamento específico para reduzir os efeitos da alergia e a possibilidade de a cicatriz resultante, caso exista, persista.
Depois disso, as recomendações gerais passam por evitar novamente o contacto com a hena, assim como com outros produtos que possam conter o agente desencadeador. Se se tratar de PPD, é muito provável que se devam evitar certas tintas para o cabelo, assim como o contacto com tintas de impressão, materiais fotográficos e produtos feitos de ou com borracha preta.
Alternativas seguras para pessoas com sensibilidade
Se não quer correr o risco de sofrer reações alérgicas à hena negra ou se já sofreu com isso e procura alternativas mais seguras que lhe permitam decorar a sua pele ou cabelo, existem algumas opções:
- A hena natural ou neutra, geralmente em tons castanhos e avermelhados.
- Tintas vegetais e naturais, como, por exemplo, o índigo ou o corante extraído da beringela.
- Tinta semipermanente hipoalergénica.
No entanto, lembre-se que antes de experimentar qualquer produto que nunca tenha utilizado na sua pele ou cabelo, é sempre aconselhável efetuar um pequeno teste de sensibilização. Desta forma, pode ter a certeza de que a sua utilização é segura e que não lhe causará nenhum problema.
Conselhos para prevenir a alergia à hena no futuro
Além das alternativas anteriores, alguns conselhos que podem ser seguidos para evitar a alergia à hena no futuro são:
- Esteja bem informado antes de usar qualquer produto na sua pele. Isto inclui verificar os ingredientes ao pormenor.
- Utilizar hena natural e neutra que não contenha ingredientes potencialmente nocivos ou alérgicos.
- Se não for você a aplicá-la e for um terceiro a fazê-lo, certifique-se de que está a ser utilizada uma tinta de qualidade.
- Nunca aplique substâncias cuja composição e origem desconheça.
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