
O que é uma alergia?
A alergia é uma reação de defesa do organismo contra substâncias externas que penetram no corpo. O nosso sistema imunológico, encarregado de defender o corpo dos ataques exteriores, reconhece essas substâncias como estranhas e tenta neutralizá-las. As pessoas com alergia tentam neutralizar essas substâncias estranhas através de mecanismos que se tornam nocivos contra o próprio organismo, causando os sintomas de alergia. Ser alérgico significa ter tido pelo menos um primeiro contacto com o alergénio. Para apresentar sintomas de alergia é necessário mais do que um contacto. Uma pessoa será alérgica após um primeiro contacto, após um segundo contacto, após um terceiro, ou ao fim de numerosos contactos durante muitos anos4.
Vamos usar o pólen como exemplo. As pessoas alérgicas ao pólen são aquelas que ao entrar em contacto com este alergénio pela primeira vez produzem em grande quantidade um anticorpo chamado IgE.
A partir deste momento, a mucosa nasal começa a ficar povoada por uma célula do sistema imunitário chamada mastócito, que possui vários anticorpos IgE na sua superfície. É como se o corpo pensasse que o pólen é um assaltante e por isso passasse a encher a cavidade nasal de guardas (mastócitos) altamente armados (IgE). Assim, quando a pessoa entra novamente em contacto com o pólen, os anticorpos IgE capturam-no rapidamente, ativando os mastócitos que libertam vários mediadores químicos para destruir o invasor, sendo o mais importante a histamina, responsável pelos principais sintomas da rinite, os quais serão explicados mais à frente5.

Primeiro contacto entre o organismo e o alergénio

Anticorpos

Mastócito

Segundo contacto entre o organismo e o alergénio

Mastócito

Alergénio

Mastócito

Mediadores da inflamação

Histamina
Sintomas da alergia
A alergia reúne sintomas como corrimento nasal, espirros, comichão, erupção cutânea, edema (inchaço) ou asma.
As alergias vão de leves a graves. Uma reação grave chamada anafilaxia pode ser fatal. Os médicos realizam testes na pele e no sangue para diagnosticar as alergias. Os tratamentos incluem medicamentos, injeções e o evitar de substâncias que causam as alergias6.
Principais alergénios
Muitos alergénios foram identificados como responsáveis por desencadearem os sintomas de alergia.
Os alergénios comuns incluem:
- Caspa e proteínas de animais
- Pó
- Medicamentos (como antibióticos ou medicamentos que se aplicam sobre a pele)
- Alimentos (como ovo, amendoim, leite, nozes, soja, peixe, carne de animal e trigo)
- Esporos dos fungos
- Fezes de insetos e ácaros
- Picadas e mordeduras de insetos (o seu veneno)
- Látex natural
- Pólen7
Como diagnosticar e tratar alergias com Zyrtec
Antes de implementar medidas para evitar os alergénios, primeiro deve ser determinado a que alergénios são alérgicos os ocupantes de uma casa e se há uma exposição significativa a eles, na casa. A sensibilização pode ser determinada utilizando testes de sensibilização cutânea (SPT), ou in vitro (sangue), para detetar anticorpos IgE específicos.
Deve-se avaliar se a exposição aos alergénios é significativa. Isso pode ser determinado realizando primeiramente um historial ambiental detalhado -centrado na presença de animais de companhia, reservatórios onde possam residir os ácaros do pó e os alergénios do bolor, como tapetes e móveis estofados, qualquer problema recente relacionado com a humidade, práticas de limpeza e frequência e ainda, se o paciente observou alguma evidência de infestação -por baratas ou roedores8.
O diagnóstico da rinite alérgica baseia-se:
- Numa história típica dos sintomas alérgicos.
- Nos sintomas alérgicos que caracterizam os pacientes, com predomínio de espirros e rinorreia («sneezers and runners»). Contudo, estes sintomas não são necessariamente de origem alérgica.
- Testes de diagnóstico:
- Os testes in vivo e in vitro utilizados para o diagnóstico de doenças alérgicas pretendem fazer a deteção da IgE na forma livre ou ligada às células. O diagnóstico de alergia foi melhorado graças à estandardização dos alergénios, o que tornou possível diagnósticos de qualidade satisfatória para a maioria dos aeroalergénios.
- Os testes cutâneos de hipersensibilidade imediata são amplamente utilizados para a deteção de uma reação alérgica mediada pela IgE. Trata-se de um importante instrumento de diagnóstico no campo alérgico. Quando estes testes são realizados, proporcionam informação útil para a confirmação do diagnóstico de uma alergia específica. Como a sua realização e interpretação é bastante complexa, recomenda-se que sejam realizados por profissionais de saúde com experiência nesta área clínica.
- A medição da IgE específica sérica é um teste de diagnóstico importante com valor equivalente aos testes cutâneos.
- São utilizados testes de provocação nasal com alergénios na investigação e na prática clínica. Podem ser especialmente úteis no diagnóstico da rinite ocupacional.
- A imagiologia não é, normalmente, necessária11.
Reconhecer a alergia
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Rinite alérgica
A rinite alérgica é uma doença inflamatória da mucosa nasal, clinicamente caracterizada pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas:
- Rinorreia aquosa (anterior ou posterior)
- Crise de espirros
- Prurido nasal
- Congestão nasal associada na maioria dos casos a sintomas oculares (prurido, lacrimação, olho vermelho).
A rinite é uma das doenças crónicas mais frequentes a nível mundial, estimando-se que atinja entre 10 e 20% da população mundial. Associa-se à conjuntivite, à sinusite e à asma; quando não é tratada e/ou não controlada, contribui para uma maior gravidade e perda de controlo da asma.
Estudos recentes, baseados na população, avaliaram a prevalência da rinite em Portugal; são de referência o Inquérito Nacional de Prevalência de Asma (INPA) e os estudos ARPA. O estudo INPA, levado a cabo em 2010 incluiu mais de 6000 participantes e estima-se que, a nível mundial, 22% da população portuguesa tem rinite. Os indivíduos com rinite apresentaram um risco de asma quase quatro vezes superior ao dos indivíduos sem rinite; e, quando a rinite se associava à sinusite, esse risco aumentava quase dez vezes3.
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Urticária crónica
A Urticária Crónica (UC) é uma afeção dermatológica que se caracteriza pela manifestação súbita de inchaços avermelhados ou eritemas (inflamação e vermelhidão da pele) de tamanho variável, acompanhados de prurido.A urticária é causada pela libertação da histamina, uma substância produzida pelas células denominadas mastócitos.
A sintomatologia ocorre ao longo de mais de 6 semanas e os inchaços ou vermelhidão costumam aparecer e desaparecer no intervalo de 1 a 24 horas.
Aproximadamente 40% dos afetados com urticária crónica também apresentam angioedema. Se a urticária se localizar na derme superficial em forma de inchaços avermelhados ou eritemas, o angioedema refere-se ao inchaço no tecido subcutâneo ou derme profunda, que também pode surgir nas mucosas, embora sem apresentar prurido.
A urticária crónica, numa elevada percentagem de casos, é de etiologia idiopática (desconhece-se a causa) e, pela sua sintomatologia, afeta gravemente a qualidade de vida dos que dela sofrem -.
O diagnóstico da urticária é diferencial e realiza-se em função dos sintomas que se apresentam, – história clínica, – exploração física e mediante os testes de laboratório que se considerem necessários.
No caso de se identificarem os fatores desencadeantes, o tratamento será orientado a fim de evitar as substâncias que provocam a urticária. Contudo, numa grande percentagem a causa é desconhecida, pelo que o tratamento será orientado no sentido do alívio dos sintomas.
Não existe um tratamento curativo. Existem diferentes opções de tratamento, em função do curso e sintomas da urticária crónica.
Tratamento não farmacológico: inclui evitar-se alguns alimentos, aditivos, medicamentos, situações de stress e temperaturas que possam favorecer e agravar os sintomas da urticária crónica.
Tratamento farmacológico: o tratamento farmacológico principal inclui os anti-histamínicos. Segundo as diretrizes europeias9 e atualizadas em 2012, prescrevem-se anti-histamínicos-H1 de segunda geração (não sedantes). Se após duas semanas os sintomas persistirem, aumenta-se a dose de anti-histamínico-H1. No caso de, após quatro semanas, os sintomas persistirem, adiciona-se um antileucotrieno ou um novo anti-histamínico-H1. No caso de agravamento, prescrevem-se corticosteróides durante três a sete dias. Se ainda assim a sintomatologia persistir até mais quatro semanas, adicionam-se Ciclosporina A ou Omalizumab.10